Segundo dados do IBGE e Ministério da Saúde (2010), 24% da população brasileira declarou possuir algum tipo de deficiência, o número representa quase 46 milhões de brasileiros, sendo que menos de 1% dessa totalidade dispõe de empregos formais. O número de PcDs que possuem vínculos empregatícios tem aumentado, mas o número ainda é pouco representativo se comparado com o número total de empregos em nosso país.
A pessoa com deficiência, conforme a lei 13.146/2015, é aquela que por condições físicas, sensoriais, mentais ou intelectuais possui determinado tipo de limitação a longo prazo que possa dificultar a sua participação social se comparado com as condições tidas por outras pessoas. Os obstáculos gerados por sua condição somados ao descaso e irresponsabilidade social podem interferir na inserção de PcDs na educação, trabalho, acesso à comunicação e saúde e outros aspectos previstos como direito de todo ser humano.
A legislação brasileira tem se mostrado efetiva no apoio às pessoas com deficiência ao implementar leis que prevêem a inserção de PcDs no mercado de trabalho e ao estabelecer normas e critérios básicos para a promoção da acessibilidade. Embora a inclusão de pessoas com deficiência tenha sido uma pauta recorrente em nosso país e muito já se tenha conquistado, ainda estamos longe de alcançar uma realidade igualitária, acessível e inclusiva. Pois alcançar este cenário ideal não deve partir apenas de poderes públicos, mas deve ser vista também como responsabilidade e comprometimento social de todos.
Lutar pelo espaço de PcDs em nossa sociedade não está relacionado apenas ao apoio pelos direitos das pessoas com deficiência, mas também em perceber a forma como nos referimos e nos portamos perante esse assunto e pessoas. Isso pode ajudar ainda mais na conscientização da sociedade sobre a importância da inclusão. Neste artigo iremos abordar sobre como podemos auxiliar de forma individual e coletiva para que a inclusão de pessoas com deficiência seja ainda mais efetiva e habitual.
Muitas terminologias utilizadas no passado hoje são consideradas incorretas e em determinados momentos até mesmo ofensivas. Se educar e pesquisar sobre a maneira correta ao se dirigir ou falar a respeito de uma pessoa com deficiência é imprescindível. Termos como "portadores de deficiência" e "pessoa especial" são ultrajados e não devem mais ser considerados e ditos. Entenda que não há problema algum em nomear uma pessoa com deficiência como pessoa com deficiência.
Utilizar palavras como "retardado" e "mongoloide" de maneira depreciativa a fim de xingar e atingir uma pessoa é extremamente rude com pessoas que possuem alguma deficiência cogniva, já que a partir desta intenção você estará reforçando os esteriótipos baseado em uma alteração genética ou em um diagnóstico. Possuir uma deficiência intelectual não é algo negativo, logo não deve ser visto como uma ofensa. Tire estes termos do seu vocabulário e pratique o respeito e sensibilidade para com as pessoas com deficiência.
Praticar uma comunicação direta também é importante. Se uma pessoa com deficiência, física ou intelectual, estiver acompanhada de outra pessoa, não tenha medo de dirigir-se e olhar diretamente à ela. Não utilize terceiros para realizar a sua comunicação. Ainda que a pessoa possua deficiência auditiva e esteja acompanhada de um intérprete, direcionar o olhar para ela enquanto estiver conversando sobre ela pode ser significativo, pois é com ela que estará conversando e não com quem a acompanha.
Ao conversar com uma pessoa em cadeiras de rodas, procure ficar no mesmo nível que ela, sentando em algum lugar. Evite se ajoelhar ou apoiar as mãos no joelho, como faria ao se dirigir a uma criança, isso pode soar ofensivo. Cuide com seu tom de voz, não é necessário aumentar o tom ou falar mais devagar ao interagir com PcDs, a menos que a pessoa solicite. Alguns cuidados podem ser tomados para facilitar a comunicação. Quando conversar com alguém com deficiência auditiva, por exemplo, olhe diretamente para a pessoa para que ela possa ler os seus lábios. Atenção ao se comunicar com uma pessoa com deficiência intelectual, não se dirija a ela de forma infantilizada, utilizando um tom de voz mais fino ou palavras no diminutivo, a menos que ela seja, de fato, uma criança.
Ao ver uma pessoa com deficiência ter dificuldade com algo, pergunte antes de ajudar. Não interfira antes de saber se ela de fato quer a sua ajuda. Sua boa intenção pode causar desconforto para a pessoa se feita sem ser consentida ou solicitada.
Por último, e não menos importante, ajude de forma direta organizações que trabalham para prestar assistência a pessoas com deficiência, seja com seu trabalho voluntário ou doações. Replicar informações como as descobertas neste texto também é de suma importância. Algumas pessoas se sentem receosas em se relacionar com pessoas com deficiência por medo de ofender ou não saber a forma correta como se dirigir a ela. Isso impede que a inclusão de PcDs em nossa sociedade seja mais ativa. Não tenha medo de educar as pessoas a respeito deste assunto, compartilhe links e matérias que falem a respeito. Use as informações adquiridas para o bem e passe adiante todo o conhecimento adquirido. Nós precisamos falar e ouvir mais sobre inclusão.